Vídeoteatro Dalcidiano, Soure, Marajó/ PA, Jul 2010



















Uma ação do Coletivo Resistência Marajoara, em parceria com:
Ponto de Cultura Cruzeirinho
IDEA 2010
Inovacine-Fapespa

Realização:



Dalcidio Jurandir, renomado romancista (provavelmente o maior de todos na fala de grandes escritores da região!) deu- nos Marajó, segundo romance do escritor datado de 1947. Segundo Alex Fiúza de Melo, é uma literatura que nos dá as questões da terra, do latifúndio e das populações excluídas, na forma de um romance-documentário que apresenta a cultura e a história da vida amazônica, retratos fiéis da paisagem humana , física e social do marajoara por meio da "saga de um menino que queria fugir ao seu destino".
MARAJÓ, congrega relatos de vida simples, de gente humilde, maltratada e quase marginalizada em oposição à bastança dos ricos fazendeiros.

Foi nessa obra na qual se encontra o capítulo 34, que alguns persistentes integrantes do Grupo RESISTÊNCIA MARAJOARA encontraram inspiração e poesia pra conversar com Dalcídio, nas vozes não sonoras de Nha Leonardina e Orminda celebres personagens marajoaras que surgiram por meio da experiência do Videoteatro Dalcidiano, realizado em Soure, capital do Marajó/ PA, nos dias 01 a 04/07/2010.

Um encontro, várias trocas. Pessoas vieram de diversos recantos carregadas de notícas dos ventos que sopram nessa direção, ventos fortes. São olhos claros, escuros, atentos, desconfiados que se "emprestam" lentamente pra reviver em corpo e consciência, o que Dalcídio, por certo, acolheria como uma extensão singela de sua obra escrita. Olhos grandes, largos, latentes. m nenhum momento buscamos encontrar ou percorrer a "lógica" do autor ao ponto de interpretá-la longe do contexto ao qual ela se vincula e se completa como obra literária. Antes, preferimos adentrar uma "análise" artística pautada nas interlocuções do grupo que aos poucos foi tecendo de forma sensível e concreta os rumos da ação proposta.


Esse relato não pretende dar conta de uma narrativa cronológica de fatos ou uma mera descrição de etapas vencidas no que, inicialmente, denominou- se oficina. Quer, sem grandes pretensões, socializar uma vivência (ou melhor diria várias!) que vem conversar comigo sobre corpocênico em não-atores, corpos cotidianos inteiros que se entregam aos encantos de Dalcídio e nos transmitem MARAJÓ em leito e foz.


Num grupo de aproximadamente 20 pessoas tivemos um roteiro mínimo (nem um pouco rígido) que nos auxiliou adentrar os campos marajoaras, embrenhando- nos na vegetação, correndo livres e certeiros ao rio-lago da disponibilidade requisitada pela interpretação.
Rodas de conversa, aproximações e apresentações mútuas que uniram as mergens de lá às de cá, formando o trecho de passagem. Brincamos de bolha, uma imensa pororoca de corpos que explodiu em cenas festivas, ligeiramente arquitetadas como num jogo de faz-de-conta onde não existe certo, nem errado, o que impera é a vontade de "brincar de ser"... ficaríamos horas e horas imersos nessas águas, nesse emaranhado de "coisas do fundo" que faz a gente mergulhar no mar da gente, pensar sem forçar o curso da maré, ir longe, bem longe na reflexão sem exigir de cada um e do todo qualquer esforço danoso ou comprometedor da ludicidade necessária.
Dalcídio nos deu no fragmento-capítulo 34 um pedaço gigante de texto pra que nosso arsenal criativo fosse acionado.
Formamos subgrupos... fomos!
Fluxo e permanência...Somos!
Faço saber!
(Texto prossegue)




O RESISTENCIA MARAJOARA é um projeto coordenado pelos artistas Francisco Weyl e Isabela do Lago. Foi vencedor do Prêmio Interações Estéticas – Residências Artísticas em pontos de Cultura (Minc/Funarte – 2009). Com a anuência do Ponto de Cultura Reconquistando Arte, Cultura e Cidadania (Soure) e com a generosa colaboração da Casa de Cultura O Cruzeirinho (hoje Ponto de Cultura).

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