Outras Clarices (para Josette Lassance)



Lia comia carne.

Era fã de sol, dias de inverno, tardes em família e gente... porções de gente!

Lia sentia prazer em viajar na janela para presenciar, deleitar- se com imagens de pessoas indo e vindo sem saber ao certo para onde iam.

De posse de uma invejável observação cotidiana, Lia sentia- se realizada tão somente em assistir os passantes...

Gostava de músicas de outrora e roupas cafônas, atitudes habituais e horários.

Apesar de quase sempre atrasar- se considerava o cumprimento de horários e promessas com a mesma exatidão de quem ama. Expectativa era seu forte e ela bem sabia que expectativas e conquistas eram irmãs confidentes a dividir o mesmo teto.

Lia chorava vez ou outra num canto ao final de um dia de trabalho, tarde da noite, no prato em que comia seu alimento frio...

As janelas dos ônibus em que fazia seu traslado diário já a conheciam.

Lia cria em tempo, em ocasiões que viram acontecimentos e fatos que viram memórias. Crera em silêncios dialogados apesar de pouco tê- los praticado.

Lia era fragil entrega, era essencialmente cíclica, toda flor.
(Rosilene Cordeiro)

Comentários

Telma Monteiro disse…
Para Josette?Uhmmm...Fikei c/ ciúmes...das palavras clariceanas.

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