“Por muito tempo tua pele roçou minhas lembranças mais cativas.
Como do mesmo modo teu cheiro acompanhou paulatinamente o compasso de cada pensamento meu.
Sentia a tua respiração e aguardava teu hálito com a mesma cadência de uma criança a espera do doce.
O doce, o teu sorriso e a minha constante busca por ele, por dias aqueceram meu sono concedendo-me repouso em teu corpo amigo e, à época, pulsantemente sedutor.
Um dia, sem que me avisasses, levantaste a tenda onde trocamos juras e me deste o sabor da solidão de nós.
Atordoada e sem entender, acreditava ser uma dor transitória aquela súbita e irreparável perda.
Hoje, lúcida e paralisada pelo inesperado ingresso no mundo da dúvida, caminho perguntando:
_ Onde ficaram os versos de lá?”

(Rosilene Cordeiro)

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