Do resultado cênico da oficina teatro e literatura, Casa da Linguagem Março/ 2010

Apresentado no dia 30/03/10, o resultado cênico da oficina contou com a expressiva participação dos alunos inscritos no evento, apresentando a performance " As muitas Marias de Lucinha", produto do período de experimentação cênica teatral vivenciada no decurso dos trabalhos literários e de sensibilização corporal emergentes dos diversos indutores propostos a partir dos textos escolhidos.

"Notche Oscura" e "vide- Verso" costuram o universo encantador, denso e categoricamente sedutor de Maria Lúcia Medeiros que se oferece inteira em tantas obras que saudam o cotidiano nortista rico em códigos que denunciam uma riqueza cultural carregada de matizes de uma gente leve, simples e acolhedora como nós, os de ontem e os de agora.

PERFORMANCE “AS MUITAS MARIAS DE LUCINHA...”

INTRODUÇÃO

"MARIA LÚCIA FERNANDES MEDEIROS OU MAIS POPULARMENTE CHAMADA DE LUCINHA MEDEIROS. NASCIDA EM BRAGANÇA, PARÁ, EM 15 DE FEVEREIRO DE 1942, TEVE SEU FALECIMENTO EM BELÉM NO DIA 8 DE SETEMBRO DE 2005. PROFESSORA, PESQUISADORA ESCRITORA E POETA PARAENSE, MOROU EM SUA CIDADE NATAL ATÉ OS DOZE ANOS, QUANDO MUDOU-SE PARA A CAPITAL DO ESTADO.
O TERRITÓRIO POÉTICO DE MARIA LÚCIA MEDEIROS É A INFÂNCIA. MAS NÃO É UMA LITERATURA INFANTIL, NEM REGIONAL, MAS ATEMPORAL- CRESCER É SE EXILAR DO PASSADO, UM PASSADO PLENO DE REVELAÇÕES E DESCOBERTAS, ÚNICA IDADE EM QUE SE DECIFRAM MISTÉRIOS. NO CONJUNTO DE PRODUÇÃO DA AUTORA OS RÓTULOS SÃO INADEQUADOS. EM SUA OBRAS TEMOS TRAÇOS DO IMPONDERÁVEL: UM PERSONAGEM PODE CORRER DE BICICLETA PARA “CHEGAR MAIS PERTO DO SOL”, E O LEITOR “CHEGAR MAIS PERTO DE UMA ESTRELA”, PORQUE EM LUCINHA MEDEIROS, “HÁ NOITES INVENTADAS EM PLENA AULA DE MATEMÁTICA” E MUITAS MULHERES REPLETAS DE ENCANTO, SOMENTE CAPTADAS NUM CÍRCULO DE LUZ, MÚSICA E MISTÉRIOS COMO AQUELA QUE DESCREVE BRILHANTEMENTE EM SEU CONTO NOITE OSCURA.
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LUCINHA TINHA O DOM DE DAR AO PÚBLICO HISTÓRIAS MANEJADAS COM A MAESTRIA DE MOVIMENTOS SINUOSOS, BREVES E PRECISOS, APOIADOS EM ESTRATÉGIA TEXTUAL TECIDA PELO PASSADO E PELA MEMÓRIA EXPLORADOS SENSÍVEL E PROFUNDAMENTE POR ELA.
UM CONTAR DISTENSO, TOCANDO DE LEVE NOSSOS MAIS ÍNTIMOS E RECONHECIDOS SEGREDOS. UM FLAGRA OPORTUNO NAQUELA ZONA LÁ DE TRAZ, ONDE AS MÁSCARAS SE DISSOLVEM PONDO- NOS NUS E TRANSPARENTES. OLHADELAS FURTIVAS POR FRESTAS E JANELAS QUE DEVASSAM O TEMPO APENAS ADORMECIDO, QUE SE INSCREVE COM FIRME VIGOR NA GRAFIA SINGULAR DE MARIA LÚCIA.
SERGIO WAX, DISSE SOBRE ELA: EM MARIA LÚCIA A MULHER DESCOBRE A SI MESMA DEVAGAR, A CUSTA DE SEU PRÓPRIO SANGUE. OS HOMENS SÃO HERÓIS CAÍDOS QUE A DEIXAM SÓ CONTRA A MORTE E A ETERNIDADE. A ESCRITORA REVELA NUM ESTILO APURADÍSSIMO, O DRAMA DE TODOS OS NOSSOS FANTASMAS.
“FALE DE SUA ALDEIA E FALARÁ DO MUNDO” É UMA FALA ATRIBUÍDA A TOLSTOI. “
LUCINHA ACEITOU O DESAFIO E SAIU GANHANDO.
FALOU DE NOSSO TEMPO E DE TODOS NÓS... ORA COMO JOÕES E ORA COMO MARIAS, POESIA DESTINADA A ENFEITIÇAR INÚMEROS LEITORES E ETERNIZAR SUA OBRA NA LITERATURA REGIONAL E BRASILEIRA.
OBRA QUE NOS DEU O CONTO VIDE-VERSO QUE TORNAMOS CENA E APRESENTAMOS A VOCÊS."

(Texto adaptado dos livros de Maria Lúcia Medeiros)