Curso sobre performances afro- ameríndias, com Zeca ligiéro na ETDUFPA





O termo por certo já galga um considerável caminho percorrido até a cena atual. Por certo, também, já foi utilizado de inúmeras formas e em diferentes contextos, por um número significativo de pessoas que dele se apropriaram/ aproximaram nesse percurso histórico.
De ordem ritual ou cultural, em arte ou como exposição de práticas cotidianas grupais, a performance transita 'desapercebidamente' ou propositalmente exposta entre nós, apreciadores ou não de suas múltiplas manifestações.
Pois bem, nesse universo se inscreve uma de minha mais novas descobertas: o universo das performances afro-ameríndias, campo de estudos do Prof. Dr. Zeca Ligiéro, Pesquisador e docente da UNIRIO, que se encontra ministrando o II Módulo do Curso em Belém, durante esta semana.
Artista, autor, pesquisador e professor do Núcleo de Estudos das Performances Afro-Ameríndias (NEPAA), Zeca desenvolve um trabalho sistemático, didático- pedagógico com alto teor de ludicidade e leveza a partir do qual discute as teorias com as quais lida no seu fazer artístico e acadêmico, sem grandes mistérios e totalmente disponível às nossas interpelações e achados.
"Através das discussões sobre o conceito de performance afro-ameríndio, o pesquisador Zeca ligiéro objetiva o registro digital de pesquisas que possibilitarão organizar exposições, grupos de discussão, estudo e seminários para compreensão e elaboração dos conceitos trazidos à tona pelas vivências trazidas á tona pelo evento.
O Projeto prevê a elaboração de oficinas de performance afro-ameríndios, bem como, assessorar as práticas pioneiras ou a criação de novos grupos e novas dinâmicas interativas entre o fazer, o documentar e o divulgar de trabalhos artísticos de pesquisadores do ponto de cultura com os pesquisadores do NEPAA e do PACA." (postado em rede teatro da floresta, por Karine Jansen e Nando Lima)O curso, aberto para estudantes de comunicação, teatro, música, antropologia, história e áreas afins, agrega profissionais das mesmas áreas e áreas afins, bem como, fotógrafos, documentaristas, e demais pessoas interessadas em documentação digital.São instituições parceiras desta empreitada acadêmica a PROEX – ETDUFPA – IAP- Instituto de Artes do Pará.
DIÁRIO DE BORDO
I Módulo do Curso/ Janeiro de 2010
Em Uma Semana o Olhar Nascente da Atriz- Pesquisadora...
algumas impressões e achados.
1º DIA- 25/01/2010
Partimos de um andar descontraído para o olhar do outro, ou dos outros, muitos outros (as)! Daí começou tudo: "brincamos de adivinhar", aferir: nome, signo, música, orixá, etc. Uma forma inusitada de se apresentar. Em outras palavras as descobertas subjacentes; estamos impregnados de esterióipos que carregamos conosco e revelamos quando acionados em determinado momento e contexto.
Segundo Zeca, tudo pode ser entendido ou trabalhado na perspectiva de performance. Ser médico, jogador, professor, aluno, artista, requer repertório próprio e legitimação pelo olhar de quem o "aprecia". As matrizes das danças européias são diferentes das africanas: a primeira está relacionada ao tronco fixo (andar/ bumbum para dentro) e a 2ª ao tronco móvel (andar com o quadril 'mole'.
O pesquisador alertou para o fato de que os diversos discursos e pesquisas devem servir ao diálogo e não ao erigecimento das teorias de forma fechada.
Legal: 1- descobri que as danças indígenas são essencialmente coletivas e as negras constituem- se solos individuais que coadunam com o todo hegemônico, e os negros se orgulhar disso;
2. A performance arte refere-se às artes visuais e outra "coisa"que pode ser corpo enqunto a performance cultural (práticas performativas) está mais preocupada com as expressões culturais, com estéticas peculiares (preparo, eitualístico, belo) singulares, não acidentais.
3. Performance cultural( ritualística) é diferente de performance em arte
2º DIA- 26/01/2010

PERFORMER (????????)
. griô (contador de histórias africano)
. brincante
. performeiro
. atuador
. folião
. cazumba (personagem de seu Abel, máscara)
3º DIA- 27/01/2010

"O que caracteriza a performance é a tensão e a multiplicidades que a ação do ator gera no espectador." (Zeca Ligiéro)
E continua: " A performance é algo vivo. Sempre tem um roteiro mais comporta o inusitado que surge no trajeto das ações. A performance ao mesmo tempo está procurando legitimar o seu discurso e é legitimada pelos discursos sociais e culturais do entorno. Implica planejamento de cada etapa a ser seguida. No ntanto, performance em arte é um conceito poroso, não rígido."
"Não quero copiar o transe ou popularizar o Zé pilintra; pretendo uma ficção, uma criação."
Zeca considera a performance mais no sentido de apresentação do que interpretação ou representação; como algo que surge de dentro do jogo, da diversão onde algo passa a ser o foco.
Performances culturais (rituais, procissões, cortejos, comportam especificidades de cada área. Remetem ao deslocamento no tempo e no espaço (similaridades/ comparações)
PARA NÃO ESQUECER: O professor- pesquisador precisa ter registro de imagens, filmagens para enriquecer seu acervo metodológico.
LER: O PERCEVEJO, Cidade das Mulheres, Ruth Landi (1ª mulher a entrar no camdomblé)
VISITAR: http://hemi.nyv.edu/
O Instituto objetiva criar uma rede de pesquisadores a partir das universidades (cursos, eventos, compartilhando um website e promovendo encontros permanentes, virtuais e presenciais)

FRASE DO DIA:
"O PESQUISADOR EM PERFORMANCE É ESPECIALISTA EM GENERALIDADES"
Interessante!
Zeca nos apresentou o vídeo de uma senhora mineira muito especial chamada D. Zefa, uma contadora de histórias rica em sabedoria popular. Nos apresentou "A criação do mundo segundo Dona Zefa". Sua contação é especial porque não é representada e é totalmente minimalista ( o pequeno se torna grande) e o que aparece significativamente não é a contadora mas as narrativas que ela faz.
4º Dia - 28/01/2010
Exercícios de performances com narrativas " Bolha de corpos" ou "Exercício do ponto"
  • Grupo em círculo;
  • Uma pessoa lê o texto em voz alta pausadamente;
  • Um grupo de 4 ou 5 pessoas no centro (ao som de música instrumental) exercitando movimentos corporais explorados em planos alto, médio e baixo. Os participantes do grupo central repetem frases e expressões ou p alavras do texto de forma aleatória com movimentos fruentes, pessoal, culminando com uma conexão grupal dando uma plasticidade aos corpos entrelaçados. Assim lê-se todo o texto e dá-se uma pequena pausa para que outro grupo possa vivenciar a a tividade.
  • Variação do exercício proposto: Usar recurso de aumentar e diminuir o som da música; ler pelo menos 3 vezes com o mesmo grupo identificando variações de um momento para o outro bem como a qualidade da plástica proposta e socializar logo depois com o grpão d espectadores.

Socializando!

A narrativa da cena é policênica (desagua numa infinidade de interações, correlações; a palavra que vai pra cena assumi uma grande complexidade, é altamente dinâmica; a palavra "pequena" não se apequena, torna- se tridimensional: torna-se cultural,emocional, política, com profunda relação com a memória individual e coletiva.

Descoberta! O exercício permite trabalhar a improvização, a intuição com íntima afinidade com a história oral. A-DO- REI a proposta, muito bacana em possibilidades que explora.

Zeca falou sobre e indicou o livro " Iniciação ao candomblé" e o "Malandro Divino" (biografia de Zé Pelintra) entidade da umbanda pesquisado por ele.

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