Encontro de Performance ocupa MINC em Belém
Encontro de Performance ocupa MINC em Belém
Por Luciana Medeiros.
Disponível em http://holofotevirtual.blogspot.com.br/2016/05/encontro-de-performance-ocupa-minc-em.html
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Fotos: Roberta Brandão |
A ocupação dos artistas paraenses na sede
da Regional do Ministério da Cultura, em Belém, recebe nesta
sexta-feira, 20, a partir das 18h e segue no sábado, 21, o Encontro de
Performances Artísticas e Performatividades Cotidianas da Amazônia.
Assim como já acontece em todo o país, desde a última quarta-feira, 18
de maio, os artistas e ativistas culturais paraenses também ocuparam a
sede do MINC, com debates políticos e permanecem no local realizando
diversas atividades pela cultura e em contestação aos atos de posse do
governo interino de Michel Temer, na presidência do país.
O movimento artístico cultural da cidade resiste através da arte
performativa e neste final de semana, o encontro EuPerformance, que
seria realizado no Casarão do Boneco, neste final de semana, foi
deslocado para sede do movimento #ocupaminc, em Belém, após uma decisão
tomada na plenária realizada pelos artistas, na noite de quarta-feira,
dia que marcou o início da ocupação.
“Devido ao cenário precário de políticas públicas de cultura, e
principalmente e por que a maioria dos artistas da contemporaneidade se
aproxima da relação arte-vida, aglutinando-se em diversas linguagens
artísticas em ações que utilizam o corpo como material artístico, o
evento foi transferido do Casarão do Boneco para acontecer na Ocupação
pacífica que está ocorrendo na sede do Minc na Região Norte”, diz
Leandro Haick, que integra o grupo de idealizadores do encontro, formado
também por Pedro Olaia, Heyder Moura e Maurício Franco.
Além do encontro, está acontecendo no espaço uma série de atividades,
que compartilham discussões sobre políticas públicas e práticas
colaborativas, de forma artística e engajada. “Para os organizadores do
evento euPerformance não tem como dissociar a ocupação do Minc Belém com
o pensar em práticas culturais e fazeres artísticos contemporâneos”,
diz Haick.
Durante estes dois dias, os eixos temáticos do encontro em mesas de
debate, Corpo- Tecnologia, Corpo Celebração, Corpo-rua e
Corpo-resistência serão abordados nas mesas de diálogos, permeados de
intervenções performáticas de artistas paraenses. A programação será
encerrada com uma noite cultural e microfone aberto.
Os artistas Nando Lima, Arthur Leandro, Rosilene Cordeiro e os irmãos
Erick e Érika, entre outros expoentes dessa cena, estão entre os
convidados para compor as mesas de debate. Para um dos artistas
performáticos idealizadores do EuPerformance, Pedro Olaia, a intenção é
reunir e falar sobre esse fazer artístico resistente na capital
paraense.
“Quando abordamos o tema corpo e tecnologia, estamos falando dos
artistas que se utilizam da tecnologia em suas ações, do High ao Low
Tech, ou até mesmo utilizando sucata eletrônica, o eixo Corpo-Celebração
fala sobre o corpo preparado para a festa, para a cerimônia, dos
rituais religiosos a performances em casas de show, Corpo-Rua aborda os
artistas que trabalham com o jogo na rua, já a temática Corpo
–resistência é sobre todos os corpos que desobedecem as normas impostas
pelo sistema, ou seja, contestam os padrões sociais instituídos como
por exemplo o padrão eurocêntrico de beleza, normas heteronormativas e
regras colonizadoras”, afirma Pedro Olaia.
Performances e debates em continuidade
Neste final de semana, as ações dão continuidade ao encontro que foi
iniciado em abril deste ano, quando os artistas idealizadores do projeto
realizaram performances, em pontos caóticos, urbanos e coletivos da
cidade.
O primeiro foi Heyder Moura, e sua ligação com o elemento ar, vestiu um
figurino feito de sacos de lixo e soltou-os ao vento no engarrafado e
complexo do entroncamento, em frente ao monumento em tributo aos
guerrilheiros da Cabanagem. A performance “exercícios de sair ao sol”
fala sobre sair “montado” a luz do dia e os enfrentamentos desta
postura.
Pedro Olaia, exaltando mamãe Oxum, e o elemento água, escolheu a beira
da Universidade Federal do Pará (UFPA) para um diálogo sobre o consumo e
a produção de lixo. Em sua performance, Olaia transforma-se em um ser
místico com asas pesadas, incapaz de voar, feitas de muletas. Apesar do
estranhamento causado pela partitura corporal, a performance trabalha
com o inesperado e com muitas possibilidades de reposta do público.
“No momento vívido do suspiro poético, o planejamento cai por terra e o
improviso divino nos banha de felicidade e ações belas onde muitas vezes
me emociono, como por exemplo, na minha última ação, em certo momento
quando caí de costas, de propósito para sair de um espaço menos
iluminado e ir em direção ao rio e próximo a iluminação dos postes que
iluminam a beira da UFPA.
Pensando racionalmente na visualidade da cena, ao mesmo tempo que caí
com o cuidado de não me machucar, fui surpreendido por uma mão estendida
que me levantou do chão.
Uma certa pessoa que estava na capela (a grande oca na beira da UFPA é
chamada de capela), sentada conversando e naquele momento assistindo ao
trabalho, se emocionou com a ação e me juntou do chão, e nesse instante
toda a racionalidade que coloquei na percepção corporal do espaço e da
queda foi por água abaixo e eu me emocionei e chorei, ao estender-me a
mão senti que nossos corações estavam próximos, e que a poética de toda a
cena tinha alcançado um de seus ápices e abriu-se em mim um rio de
emoções coberto de uma chuva fina, da mesma forma como estava o
tempo/clima na beira naquele momento”, relata Pedro.
Já Leandro Haick escolheu uma manhã de muito sol, em exaltação ao fogo,
na Feira do Ver-o-peso, com direito a entrada no mercado de peixes e
banho na maré, para levar sua cigana as ruas. O trabalho desenvolvido
por este artista fala sobre um corpo polifônico na rua, que canta dança e
festeja cultuando a fricção afetiva entre corpos distantes.
A programação abre nesta sexta-feira, 20 de maio e segue no sábado, 21,
na sede do Minc. Os interessados em somar neste grito artístico de
liberdade e direitos, é só aparecer no Minc Belém e compartilhar a sua
performance, ideias e saberes. A entrada é franca.
Carta aberta sobre a ocupação
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Plenária de quarta-feira (Foto: acervo do blog) |
A ocupação dos artistas e ativistas culturais de Belém iniciou com
mobilização no espaço da Fundação Cultural de Belém – FUMBEL -, na manhã
de quarta-feira, 18 de maio. Pela parte da tarde, o grupo se deslocou à
sede da Regional Norte do MINC, onde também está sediado o IPHAN, para
dar inicio à ocupação. Música, palavras de motivação e uma plenária
deram o tom de toda a ação na quarta-feira.
A ocupação permanece em ritmo de muito debate, encontros e programações
que tendem a compartilhar ideias e experiências em torno do fazer
cultural e da consciência humana e política. Estruturação e divisão de
tarefas são acompanhadas de conversas, aumentando a cada dia a adesão ao
movimento. Nesta quinta-feira, 19, em carta aberta divulgada na página
da ocupação no facebook, os artistas relatam como estão realizando suas
atividades e chamam todos a somar.
Acesse a página e leia na íntegra o relato dos artistas. Leia aqui: https://www.facebook.com/ocupamincbelem/posts/496461567215832
Serviço
EuPerformance - Encontro de performances artísticas e performatividades
cotidianas da Amazônia. Local : Minc Região Norte – Avenida
Governador José Malcher, nº 474 – Bairro de Nazaré. Dia 20 de maio – de
18h às 2h e Dia 21 de maio – 16h às 22h. Entrada: Gratuito. Contato:
981392093. Fan Page: EuPerformance.
(Holofote Virtual, com informação do grupo de comunicação do #ocupamincbelem)
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