"PEÇA À MÃE QUE O FILHO ATENDE!"





[...] Deixemos de falar, então, da santidade de Maria, se isso o/a incomodar bastante... esta não é a questão principal!
Por algum instante deixemos (falo com os que creem!!!) de considerar sua virginal concepção ou mesmo a adesão desta Maria a um estado de castidade conjugal estabelecida e consentida por seu nobre esposo José de sobrenome não citado, homem comum de uma cidade mais simples ainda: a quase desconhecida Nazaré.
A Maria do Círio cultuada por cristãos católicos de Belém do Pará em todo outubro a cada ano, em nada condiz com o entusiasmo que alarga as ruas da cidade  num cortejo sacro em que é homenageada com flores e exortações emocionadas por fiéis de toda sorte.
A Maria do Círio, Círio de Nazaré, é uma serva em potencial que nos convida a percorrer os rumos da Fé da anunciação à ressurreição: silenciosa, prestativa, atenta e presente, que age no anonimato supremo, levando ao Filho, este sim, SANTO, as querências de uma humanidade sem rumo buscando se encontrar de qualquer forma. 
Crentes e ateus concordam em algo -ou pelo menos diferenças à parte precisam concordar numa questão!-: O Círio é um tempo de encontro, cumplicidade, retorno.
Casas, ruas, ausentes, distantes são aproximados, sentidos e sentimentos afloram, desejos saltam ao olhar, mãos erguidas, braços enlaçados, pés descalços, suor compartilhado, contrição e agradecimento uníssonos são misturados numa única 'multifestasacrosantacor' ...
A Maria que passa, a que muitos chamam Virgem, é tão somente UMA MULHER CRENTE ao pé da cruz.
E aqui surge a grande questão, esta sim primordial: Que mulher seria capaz de diante dos ultrajes sofridos pelo filho JUSTO e BOM, negar-se o ato de gritar,  protestar,  exigir reparação desejando tirá-lo de lá depressa, a todo custo, amparando-o nos braços trêmulos e desesperados de uma mãe traspassada de dor?????? Amparada sim, mas Ela esteve  diante da cruz algoz que levou seu único filho querido de si de uma forma reconhecidamente dilacerante.
A Maria das ruas é caminhante, abre caminhos, e aponta para o ÚNICO CAMINHO que leva a Deus, seu pequeno rebento, que desde o colo materno foi acolhido, educado e fortalecido para morrer como cordeiro imolado por todos os seus agressores.
Não é preciso exaltar a santidade de Maria, isso para ela é algo totalmente dispensável. A ação zelosa e vigilante de Maria Mãe a comunica por si só. Ação reconhecida pelo próprio Cristo ao ao apresentá-la como cuidadora da humanidade na pessoa de João: "MULHER, EIS AÍ O TEU FILHO!"
FELIZ A QUE ACREDITOU! BEM AVENTURADA é aquela que passa menina e tímida entre nós, não querendo nada mais que exaltar o grande AMOR de seu Deus que a permitiu gerar aquele que a santificou:
SEU Jesus, o simples, nascido de uma mulher simples de Nazaré, HOJE A VIRGEM DE NAZARÉ.
Nisso e apenas nisso, consiste sua plenitude humana: Uma mulher íntegra, plena que encontrou GRAÇA ante os olhos de quem a criou.
Eis o real sentido de sua santificação. 
Os excessos, caso hajam, deve-se ao humano que muitas vezes desconhece a grandeza de sua pequenez servil agigantada pelo silêncio.
Passa de novo Maria Boa Mãe e ajuda-nos a descobrir o sentido de servir sem alaridos e extremos de exaltação. 
Sede, vós mesma, nosso maior exemplo de fidelidade a Deus e amor expressivo  aos irmãos.[...]


FELIZ CÍRIO Belém do Pará!

Rosilene Cordeiro Professora de Sentido/ Ensino Religioso do Colégio marista Nossa Senhora de Nazaré em Belém/ PA
Crédito da imagem: Arquivo pessoal , "A berlinda" do Auto do Círio 2012, homenagem dos artistas da cidade de Belém do Pará

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