SEM TÍTULO

A toalha sobre a cama demarca um tempo.
Sentar à mesa, contar da vida
Ensaios de uma cumplicidade velada presa em algum lugar.
Na estante, CD's, livros, artefatos de madeira e papel rezam sobre uma velha história de amor.
Seria esse o teor das cartas amareladas guardadas, relicário de um ciclo nostálgico a solicitar procura?
Tirados, sobressalto, de nossa inocência vaga e lançados aos percalços de um hiato amoroso, eu me apresentei ao medo.
Sim, porque o tempo gelou as palavras e a boca desconhece o sabor
outrora familiar.
O toque tímido expirou quando ouvi que o que
construímos foi um lapso, caminho de ilusão!
Onde estás, amado e quem és tu a quem afago com docilidade e tento encontrar traços de raíz?
A toalha não está mais lá.
Como não estás em mim...
Sentei à mesa só
Pensei na vida, inspirei e expeli um verso em única pessoa, nem um pouco inteiro.
É hora de conjugar o "verbo" EU na primeira
pessoa de se amar.

(Rosilene Cordeiro, 04/05/2005, sozinha, em casa)

Comentários

Silvia Helena disse…
Amada, sinto um tremendo sentimento de alegria, somado a um orgulho extraordinário de tê-la como amiga. Essa poesia fala de coisas minhas, suas e de tanta gente que sente um prazer, às vezes, de encontrar-se só e ficar bem por isso.Poucas pessoas aproveitam momentos de solidão pra escrever tantas verdades. Ainda publicarei suas poesias. Te amo. Sílvia Helena (ou somente Helena)

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