#setoca20 Projeto #minhacasaresidencia per_form@ções memoriais In casa.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=PG0eLKcLoDQ
COLETIVO PROJETO #MINHACASARESIDENCIA PER_FORM@ÇÕES MEMORIAIS IN CASA.
RESUMO
Rotinas domésticas, memórias corpográficas, vivencias
culturais cotidianas, vínculos familiares de ontem e de hoje em relações de aprendizagens,
trocas, acúmulos, atritos/ conflitos / afetos, porque estamos falando de uma
casa. Morada, tenda, cabana, lar, mocambo, quilombo, aldeia, abrigo, ‘muquifo’,
esse é, ou são os conceitos de lugar de onde partimos. Teus/ seus/ meus/ nossos
re-acolhimentos, criação, transmissão e recepção ou des-apegos a nos re-unir
sob o mesmo teto. Visitar e receber, penetrar espaços, organizar encontros,
para ser e estar juntos. “Na Amazônia não fazemos sala: recebemos na cozinha,
preparamos e entregamos nossas melhores camas e redes cheirosas ao visitante,
oferecemos o melhor de nossas refeições ‘pondo mais água no feijão’, dividimos
quarto, roupas de cama, utensílios, objetos trocamos banhos de canduras e, do
mesmo modo, partilhamos ‘dejetos’ a precariedade da vida, nossos medos e
expectativas sempre a se renovar! Residimos, portanto, e isso é mágico! É um
tipo de feitiço! Enlaçamo-nos! Enredamo-nos! Acolhemo-nos ‘no pouco com a Deusa
é tudo’”. (CORDEIRO, 2018). São estas, entre algumas questões de toque que nos
passam, nos pesam quando pensamos acerca do projeto de ter na casa, hoje nosso
coletivo, um espaço formativo de vida e pesquisa artística a se retroalimentar.
Um trabalho que nasceu como um projeto
artístico independente, em 2016, em Icoaraci, um distrito periférico da cidade
de Belém, capital do estado do Pará onde essa perform@triz, como se intitula Rosilene Cordeiro, arteira pé redondo, nasceu
e se criou. Desde lá temos proposto @ções plurimidiá(é)ticas inspiradas na
Estética do Oprimido e no Teatro do Oprimido (BOAL 2009; 1977), como metodologias
de encontros, ora informais, ora encontros promovidos, para experimentar, em
atos observáveis, as formas de estar, aprender, discutir, refletir, construir,
sistematizar e compartilhar ações acerca de nossas vivencias periféricas na Amazônia
paraense. A perspectiva de coletivo surgiu, assim, espontaneamente, a medida
que no projeto, recebendo no espaço parcerias de diferentes atores sociais da
cidade, ora visitando outras casas/espaços de formação-irmãos, fomos compreendendo
a potencia de estarmos juntos,
construindo, refletindo e na possibilidade de oferecermos nossas competências artísticas
para a comunidade de entorno, sobretudo Paracuri I e II, abrangendo outras
localidades do distrito de Icoaraci. É desta forma que ‘entre’ encontros
eventuais, oficinas de diferentes linguagens, entre elas artes visuais, dança, teatro,
audiovisual, cinema, rodas de bate-papo, acolhimentos temáticos com mulheres, batuques
celebrativos, giras de santo, semanais –
porque a anfitriã, como afro-religiosa praticante de Umbanda destina a casa
também a este fim-, almoços fraternos, atendimentos individuais com massagens,
aroma terapia, banhos medicinais, plantio de mudas, etc. Ocorrem, ainda, uma vez
por mês sessões de cinema como a que foi protagonizada pelas crianças e
adolescentes, ‘Cinema In Casa’ por ocasião da festividade de São Cosme e São Damião
2020. Concomitantemente, temos proposto varais artísticos, trocas literárias, acolhida
com estadia de artistas de outros estados e municípios em passagem pela cidade.
Tal iniciativa de produção/circulação de bens culturais se orienta a atender pessoas
da comunidade em diferentes faixas etárias em suas vulnerabilidades de acesso a
arte e cultura local em face da ausência de políticas publicas voltadas para esse
eixo alternativo de caráter ‘caseiro’,
por representação não jurídica, em ações conjuntas que ao nosso ver
fortalece os laços comunitários de uma vida em rede de relações aproximando
interesses e objetivos comuns. Ainda como produtos de nosso trabalho artístico produzimos vídeos sobre nossas ações
voltadas aos temas sociais emergentes, sempre entre as funções diárias da casa
que ocorrem paralelamente, relacionando em tudo o cotidiano de nossas vidas enredadas
nas relações com trabalho, capital social, empreendedorismo comunitário, processos colaborativos. Contextos mediados
pela oralidade, pelos estudos da memória coletiva e dos saberes individuais dos
integrantes do coletivo, trocados no fazer de nossas tradições culturais nesse
espaço integrador em que nos sentimos ‘em casa’. Tendo a casa como tema
#minhacasaresidencia tem como foco, deste modo, implementar diálogos comunitários
e acadêmicos mediados por interesses, processos a- fins em torno do debate
sobre performances culturais na Amazônia
paraense a partir da concepção da rede temática
existente na discussão espaços/ lugares/ territórios e itinerários da memória individual,
coletiva e cultural nesta amazônica no estado do Pará. E daí a per-form@triz
continua desenvolvendo, junto ao coletivo, estudos dessas per-formações da
linguagem, como performances cotidianas e culturais, reinventando a linguagem,
perfazendo comportamentos, provocando reflexões de cunho político-poético
sobretudo sobre corpo e espaço social. O Projeto é capitaneado pelas teorias da
memória (HALBWACHS 2006; BOSI 2003), tendo nos Estudos da Performance
(SCHECHNER, 2003; CORRADI, CORDEIRO, 2017) as lentes de ampliação das análises,
metodologia e reflexões sobre os processos interventivos em questão.
Aliamo-nos, ainda, às indagações trazidas por Canton (2009) e Pinheiro (2015)
sobre os sentidos da arte na contemporaneidade re-estabelecendo outros/ novos/
possíveis pares e plurais olhares sobre este ser/pensar/produzir/realizar arte
na Amazônia paraense, atravessados pelas questões des-estruturantes desse tempo
pueril, veloz e movediço em que ela decorre e é flagrada em permanente
espaçotempos fugidios, reflexo dessa fixidez entre mobilidades. Como resultados
dos processos vividos, temos os diálogos de meio e as provocações que partem
daqui, pelos que vivem o projeto ‘em tempo real’, para outros convívios
pessoais, plataformas, suportes comunitários com vistas a estabelecer
interfaces formativas com os grupos de atuação cultural no território
icoaraciense, extremamente singular e ao mesmo tempo plural em suas
manifestações. O próprio processo em permanente desdobramento é o fruto de
nossas relações no espaço-casa.
`Portanto, somos nós hoje um coletivo formado por artistas performers,
dançarinas, professores, atrizes/atores, pesquisadores em arte contemporânea, produtores
culturais, cineastas, fotógrafos, filmakes, reaprendendo uns com os outros em
contATOS, com as casas-mundos que estão conosco dividindo e multiplicando
saberes somando conhecimentos vivencias pares e ímpares. Cabe salientar que o
projeto em vigor de 2016 a 2019 foi se reconfigurando a medida em que as
atividades propostas foram se alargando seguindo o calendário cultural da
cidade de Belém, tais como Festividade de santo, alusiva as comemorações de São
Jorge Guerreiro, no mês de abril; ‘Ladainha de São João’, no mês de junho; Celebração
de São Cosme e São Damião’em setembro; semana das crianças, em outubro; semana
de consciência negra e mês da Umbanda, novembro. No ano de 2020, por ocasião da
Pandemia ocasionada por Corona vírus, a
fim de prevenir a Covid-19, passamos a nos organizar em compartilhamentos virtuais
em redes redes digitais, levando o coletivo, juntamente com sua anfitriã per-form@triz
a apresentarem os resultados de seus
achados/ações entre casas/famílias separadas pelo distanciamento social,
pensando autocuidados em tempo de confinamento obrigatório, assim como oportunizando
a publicização de nossos encontros de formas virtuais, em suas redes sociais e
seus canais de compartilhamento digitais, tais como WhatsApp, Instagram, Yotube,
IGT, Blogs pessoal e de pesquisa e aplicativos Twitter, Facebook.
PALAVRAS-CHAVE: Coletivo projeto #minhacasaresidencia; Performances cotidianas;
Memória performativa; Comportamentos culturais; Patrimônio imaterial.
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