"Ouça meu filho!", em Icoaraci a convite da Biblioteca da EMEF Avertano Rocha
“Não existe dizer sem corpo, nem ouvir descarnado.
(Mirna Spritzer)
Ouça meu
filho!
“Debruço-me agora sobre minhas
próprias ilusões, feitos, lembranças, sonhos. Registrando-os para manter-se a
Palavra. E ela se perpetuar no outro, dividindo o sonho, a experiência, a vida,
a maré que vai e volta e nunca e sempre se repete... Enfim, como todo o dito
foge da boca e a palavra falada nunca é a mesma
(Mailson Soares)
“Somos matéria
de contar. Ouvir, um exercício necessário a esse ministério. Ministério porque
implica em feitura, dedicação, rito, disposição para sentar junto e jorrar o
que o ouvido, esse ‘outro’ acaba por receber. Uma troca de gentilezas de quem
conta com quem ouve.
(Rosilene Cordeiro)
Ontem, foi um luxo só!
Obrigada a todos e todas, muito obrigada, especialmente a Profa. Rejane, coordenadora do Projeto, a quem a nossa devoção e carinho se desdobram em eternidade.
O
QUE ESTAMOS ENCENANDO, OU COMO SURGE A PROPOSTA...
O presente trabalho nasce como ar discreto, melindroso,
mas bastante desejado e certeiro, garantimos! Ao contrário do que se possa
cogitar sobre ao que ele nos remeta imaginar, e apesar das afirmativas que nos fazem
pensá-lo como provável cena de compartilhamentos comuns, é nada mais que uma
metáfora-menina, pequenina e íntima que nos propomos investigar ao pé do
ouvido, banhados de interrogações-interlocuções de muitas vozes: O que se conta,
que critérios adotar para escolha do que se contar? Como se conta? Quando e a
quem se conta? Por que contar? Destas, o 'porque contar' nos interessa aqui em
qualidade e grandeza. As perguntas, hoje, motivam as intenções da atriz-performer
pesquisadora obcecada pela ‘fala diária’, que investiga performances narrativas
cotidianas, encontrando no ‘comparsa’ ator-dramaturgo inquieto pelo ‘dizer
cênico’ um lugar de encontro dialógico possível e necessário a ambos; daí partem juntos para o “que natureza de trabalho
é este, afinal?”. Teatro ou performance?
Performance teatral? Teatro narrativo? Performance
narrativa? Bom, em se tratando de “Ouça meu filho!” o conceito nos engessa e,
propositalmente não estamos em busca de
enquadramentos estéticos, nesse momento perseguimos a possibilidade de adentrar
novos-outros territórios de pesquisa artística e simbólica. O cotidiano, o
corriqueiro, o banal, o de todo dia ganham o nosso centro nervoso nos
provocando a experimentá-lo cenicamente.
Mas isso de dizer, o trabalho, não é novo, sabemos! Em
artes cênicas sempre houve uma necessidade de dizer, verbal ou gestualmente falando. A mensagem, o texto, as idéias
são organizadas de tal forma a fim de assegurar uma relação cúmplice entre quem
diz, o artista em si, e quem acolhe esse discurso, muitas vezes palavra, o
espectador.
Em “Ouça meu filho!” buscamos aliar a pesquisa deste
dizer às diferentes esferas de transmissão e recepção, aqui entendidos como atores-espectadores-dramaturgos
em tempo presencial, transformando-os,
isso sim, na matéria dramatúrgica do ato encenado advindo desse encontro
performativo, porque cada dia é um só em si mesmo e jamais se repetirá.
Então, contamos todos, todos recebemos e tornamos a
palavra-encontro ‘a NOSSA PALAVRA’, a ‘palavra do dia’ o que o espetáculo diz por ele mesmo ou, ainda, ‘o que temos para hoje!’. As melhores histórias do mundo
são as nossas! As que nos fazem chegar até aqui nesse desejo, nessa vontade de compartilhá-las
em rodas de papos, entre risos e lágrimas...as nossas vidas em palavras que o
tempo vem contar.
(Rosilene Cordeiro. Atriz e pedagoga.
Argumento e atuação, acerca do espetáculo. Belém, 2013)
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