Corpo TRANS e androginia na intercena contemporânea









O travestismo transexual difere do travestismo fetichista principalmente por não se caracterizar como uma parafilia. O desejo de se vestir com roupas do sexo oposto está mais associada à suaidentidade de gênero, caracterizada pelo desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto; transexuais, travestis e alguns crossdressers podem manifestar esse desejo, travestindo-se ocasionalmente ou no dia-a-dia e eventualmente assumir integralmente uma identidade do sexo oposto. O travestismo fetichista pode estar presente nas etapas iniciais do travestismo transexual.[3]
Crossdresser
Crossdressers são pessoas que vestem roupa ou usam objetos associados ao sexo oposto, por qualquer uma de muitas razões, desde vivenciar uma faceta feminina (para os homens), masculina (para as mulheres), motivos profissionais, para obter gratificação sexual, ou outras.
Drag Queen
Drag queens ou Drag kings são artistas performáticos que se travestem, fantasiando-se cômica ou exageradamente com o intuito geralmente profissional artístico.
Eonista
Eonistas são pessoas que valorizam o sentido de disfarçar-se, de "passar" como se fosse do sexo feminino. O termo eonismo ou eonista tem origem no agente secreto francês Chevalier d’Eon que durante muitos anos se fez passar por mulher. O sentido de disfarçar-se associado ao travestismo e eonismo (Éon+ismo) provavelmente deve-se a esse agente secreto.
Transformista
Transformista é uma pessoa que veste roupas usualmente próprias do sexo oposto com intuitos essencialmente artístico-comerciais, sem que tal atitude interfira necessariamente em suaorientação sexual.
Transsexual
Transexual é uma pessoa que possui uma identidade de gênero diferente a designado no nascimento, tendo o desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto.
Travesti
Travestis são pessoas que vivem uma parte significativa do dia ou mesmo o dia-a-dia como se fossem do sexo oposto. Além de se travestirem com roupas do sexo oposto é comum a utilização de um nome social, corte de cabelo, adoção de modos e de timbre de voz consoantes com o sexo almejado. O uso de hormônios e a realização de cirurgias estéticas, incluindo próteses de seios e aumento dos glúteos, são muitas vezes utilizados por travestis homem para mulher para aproximar o corpo a do sexo feminino, criando algo semelhante a uma "aura" eróticana visão de vários homens. O termo travesti, na raiz latina, tem origem na língua francesacomo uma variante da Burlesque (um gênero artístico) fortemente associada ao erotismo, onde mulheres se apresentavam com roupas pequenas e provocantes a partir do século XV. Outro termo semelhante, transvestite, de origem alemã, foi cunhado a partir dos estudos dosexologistaalemão, Magnus Hirschfeld, que publicou a obraDie Transvestiten em 1925.[6] Nessa obra o termotransvestite descreve pessoas que se vestiam voluntariamente com roupas do sexo oposto.
Aspectos históricos
Apesar de no senso comum muitas vezes se considerar que as travestis pertencem a um contexto da sociedade moderna, amparada pela visilibidade recente, incluindo o início dos estudos pela sociedade ocidental no século XX, considera-se informações sobre culturas milenares onde há relatos de pessoas vivendo uma identidade de gênero diferente do sexo biológico. O Kama Sutra, escrito em datas que apontam para um período entre 1500 a.C. e 600 d.C., mencionam relações masculinas e femininas de pessoas do "terceiro sexo" (tritiya prakriti). Hijras, Eunucos e uma variedade de termos podem se referir a pessoas de outras culturas milenares que viveram e vivem entre a travestibilidade e transexualidade de acordo com os termos ocidentais.
[editar]Estudos sobre o travestismo
Neste tópico são abordados alguns estudos conduzidos em relação ao travestismo e/ou transexualidade:
[editar]Prevalência
Os estudos mais antigos indicam a freqüência da travestilidade e transexualidade masculina em 1 em 37 000 homens e 1 em 107 000 mulheres. Em estudo mais recente, realizado nos Países Baixos, os dados apontam para a freqüência de 1 em 11 900 homens e 1 em 30 400 mulheres[7][8]. Há predominância no sexo biológico masculino. Em outro estudo, realizado naEscócia, em 1999, foi verificada uma prevalência de 8,18 em 100.000, com uma relação homem/mulher igual a 4/1[9]. Em crianças, num levantamento em uma clínica psiquiátricacanadense, de 1978 a 1995, encontraram-se 275 transexuais, com uma relação meninos/meninas igual a 6,1/1.
[editar]Escolaridade e emprego
A prostituição entra no cotidiano de muitos transgêneros em virtude do preconceito e do estigma imputado pela sociedade, que não lhes abre as portas, em virtude da incompreensão à sua condição, e os marginaliza, restringindo-os a guetos e ignorando que eles têm as mesmas necessidades sociais dos outros cidadãos. Com a intenção de mudar isso, a palavra travesti, já muito estigmatizada em virtude de estar relacionada à prática da prostituição e com forte apeloerótico e fetichista, vem paulatinamente sendo substituída por transgênero pelas entidades de defesa dos Direitos Humanos, que vêem nesse neologismo uma idéia politicamente correta de uma pessoa que está entre osgêneros, não sendo nem macho nem fêmea, tampouco tendo que necessariamente viver da prostituição. Em pesquisa realizada junto a 165 travestis de Fortaleza, contudo, os resultados apontam que 66% delas têm a pratica do sexo comercial como sua exclusiva fonte de renda, 90% fazem programas (mesmo que eventualmente) e 40% são arrimo de família, mantendo com seu trabalho seus familiares. Outra caraterística comum, embora não possa ser tomado como regra, é que, as travestis, de uma forma geral, possuem baixa escolaridade. A baixa escolaridade, de alguma forma, pode ser explicada através do processo de hormonização e/ou aplicação de silicone no corpo para torná-lo mais feminino, que muitas vezes inicia-se ainda na adolescência, sendo difícil suportar, portanto, as chacotas ou violências que este processo gera no ambiente escolar, ocasionando uma evasão precoce nos estudos e formação educacional[10]. A falta de formação educacional e profissional acaba por contribuir na dificuldade ingresso no emprego formal, num ambiente que a contratação de uma travesti já é dificil devido a preconceitos.
[editar]Políticas públicas do Brasil
Defensores dos direitos GLBT do Brasil estão sensíveis às dificuldades enfrentadas pelas travestis tanto na construção de uma cidadania que as aceite como no estudo e aconselhamento sobre os tratamentos hormonais e estéticos que elas almejam. Em audiência com oMinistro da Saúde José Gomes Temporão, realizada em 29 de janeiro de 2008, Dia da Visibilidade Travesti, foi entregue uma carta de reivindicações: entre elas estão a humanização do atendimento às travestis nos serviços de saúde públicos e a ampliação de pesquisas sobre uso de hormônios femininos nas travestis e as conseqüências para a saúde delas[11]. Várias políticas vem sendo adotadas pelo governo brasileiro, sejam elas na esfera federal, estadual ou municipal a fim de se criar uma cidadania para travestis, transexuais e trangêneros em geral:
Uso do nome social
O uso do nome social de travestis e transexuais, ou seja, aquele pelo qual essas pessoas se identificam e são identificadas pela sociedade[12] é uma antiga reivindicação que vem ganhando uma boa aceitação dentro das políticas públicas afetas aos direitos LGBT:
[editar]No sistema educacional
Considerando a dificuldade de vários transgêneros em concluir os estudos, o MEC passou a recomendar políticas específicas como o uso do nome social no ensino. Em julho de 2010, 12 estados brasileiros já possuíam diretrizes estaduais do uso do nome social no ensimo púlico:Tocantins, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Piauí, Paraíba, Pará, São Paulo, Rio de Janeiro,Bahia, Alagoas e Rio Grande do Sul.[13]
[editar]No sistema de saúde
De forma semelhante o CREMESP aprovou a Resolução nº 208/2009, que garante o direito das pacientes transexuais e travestis serem atendidas pelo nome social, independente do nome e sexo do registro civil.[14] Em 2010 o Ministério da Saúde e a Secretaria de Direitos Humanostambém esclareceu que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve adotar o nome social de travestis (como preferem ser chamados) nos prontuários médicos.[15]
[editar]No emprego
Os servidores públicos federais, travestis e transexuais, têm assegurado o direito de usar os seus nomes sociais no cadastro de dados e informações, nas comunicações internas, nas correspondências por email, crachá, lista de ramais e nome de usuário em sistemas de informática.[12]
[editar]Nos documentos
Em São Paulo o uso do nome social no Bilhete Único está assegurado através do decreto 51.181/2010.[16] Para alterar o nome civil nos registros de RG é necessário ingressar com uma ação judicial para a alteração do prenome.
[editar]Emprego
Existem poucas ações governamentais a fim de facilitar o ingresso no mercado formal do trabalho para travestis, transexuais e trangêneros em geral: o projeto mais conhecido é o "Projeto Damas" do Rio de Janeiro, coordenado pela ASTRA-Rio onde várias travestis e transexuais receberam cursos profissionalizantes;[17] outro projeto conhecido é o "Escola Jovem LGBT", coordenado pelo Grupo E-JOVEM, deCampinas, que também oferece cursos profissionalizantes.[18]
[editar]Saúde
Algumas políticas de saúde pública voltadas a travestis, transexuais e transgêneros em geral vem sendo implementadas: em 9 de junho de 2009, o primeiro ambulatório de saúde do Brasil dedicado exclusivamente a travestis e transexuais foi inaugurado pela Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo.[19] Em um ano de funcionamento mais de 4 mil atendimentos foram realizados pelo ambulatório.[20]
Referências
- ↑ (em inglês) IMDB Página visitada em 07/10/2010.
- ↑ Matilde Josefina Sutter. Determinação e mudança de sexo: Aspectos médico-legais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1993. 173 p. 85-203-1104-1
- ↑ a b c Personalidade Ansiosa ou Esquiva - CID 10. PsiqWeb. Página visitada em 12/02/2010.
- ↑ a b F65 Transtornos da preferência sexual. UFPel/FAU. Página visitada em 12/02/2010.
- ↑ ICD Version 2007: Mental and behavioural disorders. World Health Organization. Página visitada em 2008-05-02.
- ↑ The Transsexual Phenomenos: Transvestism, Transsexualism, and Homosexuality(21 de fevereiro de 2007). Página visitada em 2008-05-02.
- ↑ Meyer III W, Bockting WO, Cohen-Kettenis P, Coleman E, DiCeglie D, Devor H, et al.. (2001). "Standards of Care for Gender Identity Disorders, Sixth Version". The Harry Benjamin International Gender Dysphoria Association's 2 (2). International Journal of Transgenderism.
- ↑ Amanda V. Luna de Athayde. (2001). "Transexualismo Masculino". Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia 45 (4). International Journal of Transgenderism.
- ↑ Wilson P, Sharp C, Carr S.. (1999). "The prevalence of gender dysphoria in Scotland: a primary care study". British Journal of General Practice 49: 991-2. Royal College of General Practitioners.
- ↑ "Guia de Prevenção das DST/Aids e Cidadania para Homossexuais", 2002-09-01. Página visitada em 2008-01-01.
- ↑ Ministro da Saúde recebe ativistas no Dia da Visibilidade Travesti (29 de janeiro de 2008). Página visitada em 2008-01-31.
- ↑ a b PORTARIA Nº 233, DE 18 DE MAIO DE 2010. Imprensa Nacional (19/05/2010). Página visitada em 14/09/2010.
- ↑ RS: trans poderão usar nome social nas escolas (07/07/2010). Página visitada em 11/07/2010.
- ↑ Resolução permite que transexuais e travestis sejam atendidas pelo nome social. A Capa (11/11/2009). Página visitada em 11/07/2010.
- ↑ Campanha orienta travestis sobre uso de nome social no SUS (28/04/2010). Página visitada em 11/07/2010.
- ↑ Após humilhação, transexual consegue nome social em Bilhete Único. A Capa (10/2/2010). Página visitada em 14/07/2010.
- ↑ Em defesa dos direitos de travestis e transexuais. Agencia Fiocruz de Notícias. Página visitada em 14/09/2010.
- ↑ São Paulo terá Escola Jovem LGBT a partir de 2010. MixBrasil (18/12/2009). Página visitada em 14/07/2010.
- ↑ SP ganha primeiro ambulatório para travestis e transexuais do país. Secretaria da Saúde (09/06/09). Página visitada em 06/08/2010.
- ↑ Ricardo Barbosa Martins. Ambulatório garante cidadania e direitos humanos. Agência de Notícias da AIDS. Página visitada em 06/08/2010.
Fonte http://pt.wikipedia.org/wiki/Travestismo, acessado em 26/02/2012
Fontes da imagens: Arquivo pessoal com artistas paraenses Hallan Lima (Figurinista, cenógrafo e coreógrafo), Bruno Oliveira (Arte-educador, professor de Artes Visuais, Ator) e Rosilene Cordeiro (Atriz, pedagoga e técnica de enfermagem)
Para saber:
# Androginia refere-se a dois conceitos: a mistura de características femininas e masculinas em um único ser, ou uma forma de descrever algo que não é nem masculino nem feminino.
Pessoa que se sente com uma combinação de características culturais quer masculinas (andro) quer femininas (gyne). Isto quer dizer que uma pessoa andrógina identifica-se e define-se como tendo níveis variáveis de sentimentos e traços comportamentais que são quer masculinos quer femininos.
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