O espaço-tempo EAD na formação docente
"É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia.” (Clarice Lispector)
Queridos/as,
Muito se tem falado da importância de ressignificação do tempo-espaço de aprendizagens no processo de formação docente, que não precisa e nem deve parar na formação inicial.
Sabemos que muitas vezes somos levados por um cotidiano que vai sufocando lentamente, as práticas de uma educação sensível, pautada na vida e na histoticidade de educandos e educadores. É fato também, que inúmeras vezes nos perdemos num emaranhado de projetos e atividades, esquecendo-nos de voltar, de retornar aos conceitos, às leituras, à novidade da descoberta presente nos livros que não lemos, ao deleite de redescobrir o novo que existe em nossa profissão e que quer voltar, surpreender a rotina que corre livre e feroz, carecendo de nossa vontade e disposição por fazê-lo acontecer..
O curso sobre Infâncias sob o enfoque da leitura e da literatura como suportes fundamentais da ação didática e pedagógica que ora vivenciamos, é apenas uma, dentre as diversas propostas de retorno e de parada necessária no fluxo desse fazer que corre ante nossos olhos. Parar e olhar, olhar de novo, desconfiar de algumas práticas que estamos adotando no interior de nossas escolas, propor outros caminhos, fazer diferente, enfim.
O mérito desse trabalho de estudo à distância está em ter conseguido aproximar os distantes geográfica e conceitualmente falando) intercambiando tempos e contextos, onde estas aprendizagens estão ocorrendo sob as lentes da educação marista, que prima pela afetividade nas relações e pela promoção do outro que caminha conosco onde quer e como quer que esteja, vivenciando esse fazer/ viver comprometido com a vida, a vida em plenitude.
SER educador marista implica, assim, em deixar-se contagiar por esta atmosfera de gosto e vontade de abrir-se às múltiplas aprendizagens que revigoram a ação docente, atribuindo-lhe fôlego renovado, devolvendo ao ambiente a possibilidade de alterar a realidade, transformando-a em algo bom e valoroso o qual queremos oferecer às nossas crianças.
A práxis reflexiva (teoria e prática que se retroalimentam permanentemente) deve nos guiar a oportunizar o protagonismo por todos os diferentes atores educativos, assegurando às nossas crianças o direito à uma infância assistida por uma educação útil à vida e capaz de atingí-la em seus interesses e necessidades, tendo na alegria e na ludicidade as estratégias mestras dessa relação.
Como bem diz Pedro Demo "escrever é elaborar." Elabora-se com base no que se tem e, como fazê-lo sem dispormos de conteúdos em torno dos quais tecermos nossas afirmativas, negações e inquietações?! Como argumentar, contra-argumentar sobre aquilo que desconhecemos?! Como propor outras possibilidades de ensino se não conhecemos, sequer, aquilo que realizamos em profundidade? São questões sobre as quais precisamos nos debruçar.
Que encontremos na leitura, na fala de Gebara (2002, p.11), como "uma fonte revolucionária para os sentidos, inesgotável de informações, sensações e impressões que são adicionadas a nossa experiência diária, transformando os próprios pensamentos em objetos de contemplação", um lugar de aconchego e renovação.
Com base em tudo que aspiramos, trocamos, lemos e escrevemos nestes dias de estudo, eu desejo a todos nós, LIVROS: muitos, vários, que versem sobre todas as causas que aparentemente possam ou não, nos interessar. E que tomados pela estética do tanto que eles nos deem a conhecer, possamos desaguar em educadores-leitores contagiados e contagiantes que somos ou desejamos ser. E que esse contágio extrapole os muros da escola, alcançando a casa, a praça, a rua a vida que chama por nós.
Abço fraterno a todos e todas, especialmente à Mariana que mediou esse momento, construiu conosco essa energia vigorosa e carismática em torno da temática.
UM abraço regado ao cheiro exalado das mangueiras nas manhãs de setembro em nossa Belém do Pará, cidade às margens do rio, cercada de verde e ornada de estrelas e sonhos abençoados pela Boa Mãe, a Virgem de Nazaré!
Fraternalmente,
Rosilene Cordeiro
Disponível em http://ead.marista.edu.br/mod/forum/discuss.php?d=6019, publicado em 16/09/2011
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