Córrego...novos ensaios

Rascunhos são pedaços de alguma coisa por fazer- se.
Melhor diria, objeto, efeito ou causa na primeira fase de sua feitura.
O esboço não me incomoda. Não!
O incômodo vem dessa ânsia que me impacienta e conduz meu braço a movimentos frenéticos de procura pela palavra, a melhor palavra dentre essas que teimam em saltar pro espaço - via do rascunho.
Ao fazer- se texto, as palavras experimentam as peripécias de um brincante ser alado, ofegante e tácito, capturado pelo anuncio da tão protelada liberdade.
A cidade vira tema!
Ruas, formas, retalhos, gestos sinuosos e uma caneta desobediente na mão desenham o pretenso dito, salutar e residual pedaço de mim que emerge imperioso, tecendo linhas cadenciado pela linguagem.
Um homem caminha desapercebidamente na cena urbana que a janela do carro me dá.
Daqui dessa vidraça aciono o olhar encandescente que o verbo desvela...nos aproximamos enfim!
Eu o tenho e ele a mim.
Somos agora um só, vício e alma.
Adormeço corpo e acordo poema.
(Rosilene Cordeiro)
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